OBRA: CASA MCMV

Este projeto tem em seu programa de uso e construção a lógica das necessidades para moradores ainda sem filhos, mas que pretendem ampliar a moradia conforme aumentem suas necessidades por espaço.

1. Primeiramente será construído o bloco social, com área de serviço, abrigo de automóveis, cozinha e sala, que num primeiro momento servirá de dormitório, como num LOFT.

2. Conforme surgir a necessidade por mais espaço, no caso, por dormitórios, o bloco íntimo será construído, conectando-se ao já existente bloco social através da passarela|galeria, cuja lógica conceitual extrapola a simples ligação física entre duas áreas distintas da casa. Esta passarela é, na verdade, conexão e hiato ao mesmo tempo: Liga e separa os dois blocos, mantendo o contato com o meio externo através da tela vazada e conferindo a devida privacidade aos dormitórios.

Desta forma, como o projeto já prevê a futura ampliação, o paisagismo pôde ser executado antecipadamente, com o plantio das árvores que sombrearão e servirão de fundo para a casa que virá. Este tipo de planejamento é especialmente oportuno para pessoas ou jovens casais que ainda não constituíram família, uma vez que só se constrói no primeiro momento o que é essencial (parte social) e a casa crescerá conforme cresce a família, ou seja, os dormitórios surgirão apenas quando se fizerem necessários. Isso evita criar espaços sub-utilizados (dormitórios) para casais ainda sem filhos, bem como as despesas construtivas para conceber uma casa muito maior que a necessidade atual, justamente no momento em que, normalmente, as finanças são apertadas.

CONCEITO DE PROJETO:

Uma casa projetada de dentro para fora. Aqui importa mais o convívio, a integração com o exterior, a quase ausência de limites. A passarela que liga os blocos social e íntimo foi concebida para proporcionar uma experiência sensorial. Neste trajeto de dez metros se faz presente o contato físico com o meio externo: em uma lateral os tijolos protegem, mas, na outra, um simples gradeamento dá a devida interação com o clima, e não nos isola dele. Porque neste percurso da sala de estar para os dormitórios é desejável sentir o frio, o calor, receber alguns respingos da chuva. Para nos sentirmos ligados à natureza. E pertencentes à ela. E, então, depois de atravessar este “hiato”, chegaremos aos dormitórios, onde encontraremos nosso tão desejado abrigo.

A verdade dos materiais se faz presente, com tijolos, pedras, instalações elétricas e tubulação aparentes. É uma casa “low teck”, pensada no conforto, em ser agradável, em cumprir seu papel de abrigo. Os materiais e o próprio desenho da arquitetura foram pensados para proporcionar uma casa de baixa manutenção, ampla, mas simples na sua essência. Talvez não seja tanto uma casa para se “ver” como seja para se “viver”.

Projeto: Paulo Trigo

Colaboração: Thais Tesch