Aflalo/Gasperini arquitetos:  Morumbi Corporate, São Paulo

DUAS TORRES CORPORATIVAS DE ALTO PADRÃO DEFINEM O MORUMBI CORPORATE, EMPREENDIMENTO PROJETADO POR AFLALO/GASPERINI ARQUITETOS. O DESENHO LANÇA MÃO DE VAZIOS QUE GARANTEM A PERMEABILIDADE VISUAL E, INTEGRADO, O PAISAGISMO DE UMA GENEROSA ÁREA VERDE, AGRADÁVEL PARA QUEM TRANSITA PELA RUA

Em meio de um conjunto de torres de escritórios, a permeabilidade visual entre os edifícios permite enxergar além dos embasamentos e avistar cenários que ultrapassam a margem oposta do rio Pinheiros. Essa é uma das principais características do Morumbi Corporate, empreendimento de alto padrão e vizinho do Rochaverá, também projetado por aflalo/gasperini arquitetos (leia PROJETODESIGN 350, abril de 2009). Além da autoria arquitetônica, as duas obras compartilham conceitos de urbanidade, tais como calçadas largas, ausência de gradis no limite com as vias urbanas e áreas externas de caráter semipúblico.

De início, a intenção da incorporadora era construir um edifício corporativo para locação e um prédio com escritórios de cerca de 50 metros quadrados para venda. “Porém, as demandas de mercado apontaram para as grandes lajes e a proposta foi revista, dando origem a duas torres corporativas”, afirma Luiz Felipe Aflalo Herman, um dos autores do projeto. A mais baixa, a Diamond Tower, tem 17 pavimentos e lajes quadradas de 48 x 48 metros, resultando em 2,3 mil metros quadrados de área bruta e 2 mil metros quadrados de área locável. A Golden Tower tem 25 pavimentos e lajes retangulares com 46 x 35 metros, o que significa 1,6 mil metros quadrados de área total e 1,4 mil metros quadrados para locação. Ambas são interligadas pelo embasamento elevado que forma uma praça de convivência com 11,8 metros de altura, 900 metros quadrados de área verde, teto retrátil e fachadas envidraçadas com face frontal suavemente curva. Há ainda quatro subsolos e três sobressolos de garagens.

A torre mais baixa está disposta perpendicularmente à rua, assim como o vizinho Rochaverá, enquanto a mais alta está alinhada com a via. As fachadas em sistema unitizado combinam diferentes vidros transparentes para definir as texturas de cada prédio. Ambos possuem faces que se destacam para formar os pórticos que respondem pelo coroamento e pela moldura dos volumes, e apresentam marcação horizontalizada em granito com a finalidade de, mais uma vez, buscar o diálogo direto com o Rochaverá. Para acentuar a verticalidade, a fachada do tipo cortina de vidro emprega um material em versão ainda mais transparente e com brilho diferenciado, permitindo a visualização dos interiores e contribuindo para dar mais leveza e elegância às construções. “Trabalhamos com vidro de alta performance e menos espelhado da nova geração low-e, que deixa entrar mais luz e menos calor”, detalha a arquiteta Grazzieli Gomes, diretora do projeto.

 

Na torre maior, o recorte da fachada marca exatamente a altura do edifício mais baixo, estabelecendo um referencial. Recurso semelhante já havia sido utilizado pelos arquitetos para identificar os dois níveis de baldeação dos elevadores no prédio que concentra os escritórios da Odebrechet em São Paulo (leia PROJETODESIGN 405, novembro de 2013). Uma grande marquise com estrutura metálica e fechamento de vidro protege os acessos, em especial contra a água da chuva que escorre pela superfície das fachadas.

Sob a praça estão um porte-cochère, o hall do espaço de convenções e a escada rolante que leva à área de convivência, onde estão distribuídos pontos de alimentação, cafeteria e um pequeno auditório de uso coletivo que pode ser subdividido em até três salas de reuniões. Dois pavimentos de cada prédio têm janelas voltadas para essa praça e desfrutam da vista para as árvores. Como o espaço utiliza ar-condicionado, foi previsto o teto retrátil, aberto durante a noite para que a vegetação receba ar natural. Além disso, há a irrigação automatizada das plantas ao longo do dia.

Os halls de acesso dos dois edifícios repetem o pé-direito da praça e possuem fechamento envidraçado autoportante, sem estrutura metálica. O projeto especificou o uso de vidro clear, de extrema transparência, característica que o torna quase invisível e dissolve os limites entre áreas internas e externas, dando a ideia de um espaço único. A madeira, mesclada ao granito no piso, é utilizada também em composições com luminárias lineares no forro e nas paredes.

A altura piso a piso é de 3,96 metros nas duas torres, com 2,80 metros de pé-direito. O empreendimento possui pré-certificação Leed Gold e atende aos requisitos sustentáveis da categoria, como reúso de águas pluviais em bacias, mictórios e irrigação, válvulas dual flush, torneiras econômicas, aproveitamento de energia dos elevadores e iluminação de baixo custo.


aflalo/gasperini arquitetos
Gian Carlo Gasperini é formado pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (atual UFRJ) em 1949 e doutor pela FAU/ USP em 1973. Roberto Aflalo Filho graduou-se pela FAU/USP em 1976 e concluiu mestrado na Universidade Harvard em 1980. Luiz Felipe Aflalo Herman formou-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade Brás Cubas em 1978. Os três são titulares do escritório aflalo/gasperini arquitetos, sucessor de Croce, Aflalo & Gasperini Arquitetos, fundado em 1962

Ficha TécnicaMorumbi Corporate
Local São Paulo, SP
Data do início do projeto 2008
Data da conclusão da obra 2014
Área do terreno 19.700 m2
Área construída 135.200 m2
Arquitetura aflalo/gasperini arquitetos – Luiz Felipe Aflalo Herman, Roberto Aflalo e Gian Carlo Gasperini (autores); Grazzieli Gomes (diretora); Milene Sabbag Abla e Tânia Yang (coordenadoras); Ana Carolina Neves Pinheiro, André Navarro, Arnaldo Razzante, Arthur Moniz, Caio Vinícius Corrêa, Cristiana Rodrigues, Daniel Braz de Medeiros, Daniela Mungai, Danielle Gomes, Eder Fábio, Eduardo Babadopulos, Eduardo Mizuka, Fábio de Bem, José Messias da Silva, Lígia Meirelles, Marcelo Yukio Nagai, Marina Mermelstein, Mário de Bem, Mônica Rodrigues, Natasha Taylor, Natércio Cortês, Patrícia N. Rodrigues Peselli e Yuri Vital (arquitetos)
Estrutura JKMF
Paisagismo Soma+Arquitetos
Construção Racional
Consultorias Teknika (ar condicionado); ­Soeng (instalações); Studio Ix (luminotécnica); QMD (caixilharia); Conam (ambiental)
Incorporação Multiplan
Fotos Ana Mello

FornecedoresEngemix (concreto)
Gerdau (aço)
JB (blocos de concreto)
Holcim, Nassau, Lafarge (cimento)
Votorantim (argamassa)
Eliane (revestimentos cerâmicos)
Granos, Michelangelo (mármores e granitos)
Restaura 10 (piso de basalto)
Knauf (painéis de fechamento)
Heloyn (portas)
Forteferr (janelas de ferro)
Glassec (vidros)
Coral, Suvinil (tintas e vernizes)
Phelps Dodge (fios e cabos)
Tigre, Saint-Gobain, Alvenius (tubos e conexões)