Juliana Ribeiro – Brasil Econômico | 

“A revolução, quando se trata de mobilidade urbana, será feita de cima para baixo”, diz Musa

Pelo menos duas vezes por semana, Eduardo Musa, presidente da Caloi, sai para almoçar pedalando, acompanhado de outros executivos da empresa. Não se trata de uma ação de marketing da companhia, mas sim do estilo de vida cultivado no ambiente corporativo, o qual a Caloi também quer ver crescer entre os brasileiros. “A bicicleta deixou de ser usada para o lazer e já é o meio de transporte de quem mora perto do trabalho”, explica Musa ao BRASIL ECONÔMICO .

A companhia prefere não falar em números. “Estamos bem”, desconversa Musa.No primeiro semestre do ano passado, as vendas da Caloi cresceram cerca de 40% com o incremento das linhas de bicicletas com maior valor agregado,com qualidade e valores acima das bicicletas comercializadas em lojas de departamento. “Bicicleta deixou de ser veículo de pobre e se tornou o meio de transporte de pessoas com maior poder aquisitivo”, diz.

Segundo Musa, “a revolução, quando se trata de mobilidade urbana, será feita de cima para baixo”, a partir das pessoas que já estão cansadas de ficar no trânsito e começam a trocar seus veículos por bicicletas, para percorrer pequenas e médias distâncias. De olho nesse movimento, a Caloi anunciou no ano passado, o fim da produção da Barra Forte, modelo com grande apelo popular, cujo preço de mercado era R$ 400. Em seu lugar, a companhia lançou a Caloi Urbe, um modelo de bicicleta dobrável, cujo valor de venda é de R$ 1.500. “Não vamos encerrar a produção das bicicletas populares, mas o crescimento do segmento de maior valor agregado vem crescendo mais nos últimos anos”, diz.

O mercado brasileiro de bicicletas dobráveis, aliás, vem atraindo o interesse de fabricantes internacionais. A Durban Bikes anunciou no mês passado sua chegada ao Brasil, onde espera faturar mais de R$ 3 milhões logo no primeiro ano de atuação por aqui.

O maior desafio das fabricantes está em aumentar as vendas. Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicleta,s Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, mostra que a produção do veículo na zona franca de Manaus, cresceu 22% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2011: 421,2 mil unidades ante 345,2 mil. Já o consumo caiu de 373,1 mil em 2011 para 367,5 mil nos seis primeiros meses deste ano. Mesmo assim, o mercado movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão por ano no País. “A tendência é de que as vendas de produtos com maior valor agregado continuem a crescer nos próximos anos”, diz José Eduardo Gonçalves, presidente da Abraciclo.

Ações de empresas e governos promovem a cultura da bicicleta como meio de transporte limpo

Desde maio, os paulistanos já podem alugar bicicletas nas estações de metrô em São Paulo. Concebido pelo Banco Itaú e a Serttel/Samba em parceria com a prefeitura de São Paulo, o projeto Bike Sampa já disponibilizou cerca de mil bicicletas em 25 estações de metrô da cidade. A expectativa é de que até 2014 sejam três mil unidades à disposição dos usuários.

Para retirar a bicicleta, o usuário precisa fazer um cadastro e pagar R$ 10,00, que será revertido em primeiro aluguel. As bicicletas podem ser usadas várias vezes ao dia pelo mesmo usuário,desde que após 30 minutos, ele estacione em uma das estações por 15 minutos.

Depois desse período serão cobrados R$ 5 por cada meia hora em que ele estiver utilizando a bicicleta. As estações funcionam entre 06hs e 22hs e estão espalhadas pelos principais pontos da cidade.

A cidade do Rio de Janeiro também já tem projeto semelhante. Em Porto Alegre (RS), a previsão é de que as cinco primeiras estações de locação de bicicletas comecem a funcionar até o final deste mês.

Outra iniciativa está em Buenos Aires, na Argentina. Na capital portenha, uma parceria público-privada também colocou nas ruas bicicletas disponíveis para os cidadãos e para os turistas, por meio do programa Mejor de bici, ou Melhor de bicicleta, junto com empresas e ONGs.

A cidade já mantinha o sistema de aluguel de bicicletas gratuito, com 850 unidades disponíveis, mas quer expandir para cinco mil e ampliar a extensão das ciclovias, passando de 90 quilômetros para 120 quilômetros em três anos.

 

Fonte: http://economia.ig.com.br/empresas/industria/2012-09-11/caloi-aposta-no-crescimento-de-bicicletas-mais-sofisticadas.html

 

Executivos optam por bicicleta para driblar trânsito e estresse

 

Esporte melhora o condicionamento físico e reduz o tempo entre a casa e o trabalho nas grandes cidades

 

Marília Almeida – Brasil Econômico |  – Atualizada às 

 

Há seis anos, havia apenas duas bicicletas estacionadas no prédio comercial onde trabalha Marcos Yamamoto, 44 anos, diretor de operações da Cisco. Hoje, o bicicletário do imóvel localizado no Brooklin, na zona sul da cidade, abriga cerca de 50 delas. O local acabou sendo ampliado e ganhou também vestiário e armários.

O número ainda é pequeno se considerarmos as cinco mil pessoas que trabalham no mesmo prédio. Mas, com a criação de mais ciclovias na cidade, é cada vez mais comum a opção pelo transporte em duas rodas para ir ao trabalho como forma de evitar o trânsito enfrentado no trajeto diário.

Desta forma, é possível melhorar a qualidade de vida ao eliminar o estresse do congestionamento e praticar uma atividade física. Marcos, que mora na Chácara Santo Antônio, percorre dez quilômetros por dia. No caminho, há uma ciclovia, que facilita o trajeto. Ele resolveu utilizar a bicicleta como meio de transporte até o trabalho ao se mudar para São Paulo. O executivo morava em Brasília.

Ele conta que começou aos poucos. “Houve um período de adaptação, no qual chegava cansado e suado no trabalho”. Hoje, Marcos consegue manter um ritmo de 10 a 12 quilômetros por hora, que equivale a uma caminhada rápida, e conta que adquiriu habilidade ao participar de grupos de ciclismo.

“Além de fugir do trânsito, ganho condicionamento. Não me importa a distância, mas a previsibilidade. Sei sempre que chegarei em meia hora em casa. Não tenho surpresas com congestionamentos”.

Marcos optou por uma bicicleta para trilhas, com pneus mais grossos. “Enfrento no trajeto asfalto ruim e buracos. A bicicleta de estrada acaba sendo frágil para a cidade. Preferi uma mais durável, que já serve para as trilhas aos finais de semana”.

Gustavo de Lima Carvalho, 32 anos, gerente de operação de data center, pedala 50 quilômetros por dia para ir e voltar do trabalho motivado pela falta de tempo para realizar atividades físicas. “No início foi bem difícil, tanto pela necessidade de um maior condicionamento físico como pela dificuldade de acessos. Apesar de ter aumentado a quantidade de ciclovias na cidade, não há nenhuma que posso utilizar no trajeto entre o bairro onde moro, o Tatuapé, e a Avenida Anchieta, onde trabalho”, conta.

Ele busca evitar vias de maior tráfego. Caso não seja possível, fica atento às regras de trânsito.

Gustavo optou por uma bicicleta de estrada. “Coloco a mochila com notebook nas costas e roupa de ciclista. Ao chegar, tenho onde tomar banho antes de começar a trabalhar na empresa”.

Quando tem aula do MBA à noite, o gerente faz o percurso de carro e nota a diferença de tempo. “Enquanto de bicicleta levo 50 minutos, levo uma hora e meia de carro. É um ganho de tempo grande. Passo pela mesma coisa à noite”, conclui.

Atividade aeróbica, a bicicleta previne doenças vasculares e atrai quem sente que joga fora o tempo na academia, pedalando parado no mesmo lugar.

Kátia Rubio, psicóloga e professora da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, faz recomendações. Antes de utilizar a bicicleta como meio de transporte, é necessário fazer uma avaliação física e médica, o que torna possível planejar a atividade.

“Quem é sedentário precisa aumentar o ritmo gradualmente. Dessa forma, previne problemas de saúde e mantém a motivação. Se criar grandes metas, corre o risco de se frustrar e abandonar a atividade”.

 

Fonte: http://economia.ig.com.br/carreiras/2012-08-28/executivos-optam-por-bicicleta-para-driblar-transito-e-estresse.html