Estação compacta de tratamento de esgoto
Cotação de preços deve considerar os padrões de lançamento do efluente no meio ambiente e os custos de operação e manutenção
Fonte: http://revista.construcaomercado.com.br/guia/habitacao-financiamento-imobiliario/134/artigo266123-1.asp
Amauri Terto
Estação compacta de tratamento de esgoto é um equipamento projetado para atender núcleos residenciais distantes da área urbana,normalmente ainda não atendidos por empresas ou serviços autônomos de saneamento. Indústrias (carga orgânica de refeitórios e banheiros), parques, casas de praia, chácaras, sítios e fazendas também costumam usar este sistema. A principal finalidade de uma estação de tratamento de esgoto (conhecida pela sigla ETE) é purificar os efluentes residenciais, de acordo com os padrões estabelecidos pela legislação, para lançamento no meio ambiente, em rios, córregos, lagos ou oceano.
O equipamento opera sobre o efluente de forma biológica. Sua estrutura é composta por dois compartimentos: um contendo bactérias anaeróbicas (que não necessitam da presença de oxigênio), seguido de outro com bactérias aeróbicas (que precisam de oxigenação). “Essas bactérias são responsáveis pela redução de cerca de 95% da matéria orgânica, principal indicadora de poluição na água”, explica Marcelo Cabral, engenheiro pesquisador no Centro Internacional de Referência em Reúso de Água da Universidade de São Paulo (Cirra-USP).
A ETE compacta pode ser empregada também em casos de reúso de água. Cabral esclarece que para este caso se faz necessária uma etapa de filtragem e de desinfecção do efluente.
Especificações
Há no mercado diferentes especificações do equipamento, que são definidas em função da capacidade de atendimento. Segundo Paulo Belli Filho, doutor em Engenharia Sanitária e Ambiental e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), as capacidades vão desde residências únicas até pequenos conjuntos habitacionais e indústrias de médio porte.
Segundo Marcelo Cabral, existe também uma evolução do sistema ainda pouco difundida no Brasil. Trata-se da ETE compacta que realiza o processo biológico de tratamento por meio de membranas. O sistema dispensa as fases anaeróbica, de filtragem e também de desinfecção no caso de reúso da água. Nele, existe somente um compartimento com bactérias aeróbicas (reator biológico aeróbico) e um cassete de membranas, estrutura que suporta várias placas com membranas fixadas em suas extensões. O cassete de membranas fica imóvel e faz a separação física da parte sólida e da líquida. A parte sólida (lodo) é depositada em um tanque séptico.
Segundo Cabral, o sistema com esse tipo de tecnologia tem desvantagens em relação aos custos operacionais, pois requer maior consumo de energia. No entanto, para reúso de água, esta é a melhor opção, diz o especialista. Os profissionais ressaltam que o reaproveitamento da água exige também outros componentes como cisternas, bombas e recursos de pós-tratamento, como cloração.
NORMAS TÉCNICAS:
– NBR 7229/93 – Projeto, Construção e Operação de Tanques Sépticos
– NBR 13969/97 – Tanques Sépticos: Unidades de Tratamento Complementar e Disposição Final dos Efluentes Líquidos
– Legislação Ambiental dos Estados e Municípios
Hoje é possível encontrar estações compactas de tratamento de esgoto em qualquer região do País. O transporte e montagem ficam por conta do fornecedor que, em geral, leva o equipamento em módulos pré-montados ao local de implantação.
Cotação de preços e fornecedores
Na pesquisa de preços de uma ETE compacta, o comprador deve atentar principalmente para a demanda que vai ser atendida e para o cumprimento dos padrões de lançamento no meio ambiente. Os custos de operação e manutenção também devem ser levados em conta.
Logística
O processo de instalação requer a construção de uma base de concreto no canteiro. Segundo Marcelo Cabral, “deve estar prevista também a alimentação elétrica para o funcionamento do sistema, bem como uma rede de água e linha para encaminhamento do efluente tratado”, enumera. Esses componentes garantem que o efluente seja coletado e conduzido a um corpo receptor (rios, córregos etc.) ou reaproveitado para uso em descargas sanitárias ou reúso industrial.
Cuidados de execução
Segundo Paulo Belli, da UFSC, o projeto de instalação do equipamento deve atentar para as exigências do Conselho Nacional do Meio Ambiente, bem como para legislações municipais e estaduais. “Essas questões são específicas em cada região do Brasil, mas são fundamentais para o bom funcionamento de qualquer sistema de tratamento de esgoto”, afirma.
A ETE compacta pode ser ampliada de acordo com o crescimento da demanda. Além disso, é importante prever, na instalação, mecanismos de desvio do esgoto para um tanque de armazenamento, que será usado caso haja mau funcionamento da ETE.
A estação exige manutenção nas bombas, sistema de aeração, filtros (se houver) e na parte hidráulica e elétrica. “A manutenção deve ser executada permanentemente de forma preventiva e, quando necessário, de forma corretiva, sempre seguindo as orientações do fabricante”, recomenda Reynaldo Eduardo Young Ribeiro, diretor da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes – SP).
Em geral, os fornecedores realizam o acompanhamento do equipamento e auxiliam na remoção da parte sólida depositada no tanque séptico, ação que deve ser feita a cada um, três ou cinco anos, de acordo com o modelo adotado.
Cuidados no dimensionamento
ENTREVISTA COM MARCO PAULO PINTO DA SILVA
E no recebimento da ETE na obra, o que deve ser observado?
Quais os principais cuidados na hora de especificar uma estação compacta de tratamento de esgoto?
Antes da aquisição é necessário realizar o estudo de pelo menos quatro pontos: definição das características físicas e químicas do esgoto a ser tratado; pesquisa de qual sistema oferece eficiência na remoção de partículas sólidas de acordo com a necessidade; medição da vazão para dimensionamento correto dos tanques; verificação do tipo correto de reator a ser usado, levando em conta as quantidades e especificações do efluente.
É importante que todos os acessórios da ETE compacta sejam conferidos logo após o recebimento. Destaco como principais elementos o decantador primário e secundário, o reator aeróbico e anaeróbico, bombas e quadros elétricos.
O que norteia o processo de instalação do equipamento?
A instalação de uma ETE compacta exige atenção principalmente à vazão do efluente. Deve-se verificar a capacidade e a disposição do sistema. Essa medida evita que o comprador tenha gastos excessivos com bombeamento. Uma das principais ações que podem otimizar a instalação é definir o local mais apropriado.
E como escolher este local?
É necessário levantar um estudo sobre o ambiente para evitar ter de construir uma estação elevatória de esgoto. Para estações compactas o desejável é instalar os tanques sobre o solo. Há casos em que é preciso realizar a instalação sob o solo, mas isso encarece o equipamento.
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“A instalação de uma ETE compacta exige atenção principalmente à vazão do efluente. Deve-se verificar a capacidade e a disposição do sistema [no canteiro]” – Marco Paulo Pinto da Silva coordenador de projetos e instalações e supervisor de obras da Direcional Engenharia