Pedro Rivera:

Você projetou um museu no Rio de Janeiro sobre o amanhã. Como imagina o futuro da arquitetura e da humanidade?

Santiago Calatrava:

A profissão do arquiteto é muito voltada para o futuro, paramos de trabalhar no momento em que o futuro do edifício começa. Somos responsáveis por todo o processo até a construção terminar. É interessante olhar assim, todo esforço é voltado para o momento em que o futuro do edifício se inicia. Isso em nossa cultura ocidental, talvez não em outras culturas. Temos o sentido de firmitas – que significa também perenidade, durabilidade. Veja as obras dos romanos, algumas ainda são utilizadas, com 2000 anos e funcionando. É interessante pensar que os romanos davam aos edifícios um senso de duração de 2.000 anos. Em outras culturas não é o mesmo, veja os japoneses. O zen budismo busca o efêmero, e constroem edifícios que sabem que em 30 anos vão reconstruí-lo. Utilizam materiais que não precisam resistir ao tempo: papel, madeira, palha. É um ponto de vista diferente. Posso resumir que a ideia de futuro em nossa cultura está implícita na própria ideia da profissão do arquiteto.

 

Divulgação
Em construção no Pier Mauá, Museu do Amanhã integra o Projeto Porto Maravilha, de revitalização da zona portuária carioca

 

 
Pedro Rivera:
Você tem fé no futuro da humanidade?

Santiago Calatrava:
Você faz as escadas corretas porque quer que as pessoas andem bem; faz as janelas baixas para que as crianças também possam olhar e não estejam em frente a uma barreira. Em nossa profissão está implícito um enorme senso de amor aos outros porque precisamos acreditar no futuro, porque acreditamos no homem.