Por Mayra Rosa, de CicloVivo, publicado em Exame.com, em 29/11/2011

O Centro está localizado em uma faixa estreita de terra, cercada por água. Dez pavilhões foram projetados inspirados nas formas das cabanas tradicionais da cultura Kanak

As “cabanas”, que variam entre 20 e 28 metros, foram assimetricamente situadas ao longo de um caminho principal

São Paulo – O Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou foi inteiramente planejado com base na cultura Kanak, um tribo da região de Nouméa, na ilha de Nova Caledônia, no Pacífico Sul. Projetado pelo famoso arquiteto italiano, Renzo Piano, a obra é considerada uma das pioneiras da arquitetura sustentável, pois carrega aspectos econômicos, socioculturais e ambientais.

Construído para homenagear Jean-Marie Tjibaou, um líder assassinado da cultura Kanak, o arquiteto utilizou estratégias eficientes de construção sustentáveis para manter os pavilhões frescos e integrá-los à natureza. A obra teve seu início em 1991 e foi terminada somente em 1998.

O Centro está localizado em uma faixa estreita de terra, cercada por água. Dez pavilhões foram projetados inspirados nas formas das cabanas tradicionais da cultura Kanak. As “cabanas”, que variam entre 20 e 28 metros, foram assimetricamente situadas ao longo de um caminho principal.

Organizados em grupos de vilas temáticas, os pavilhões são envoltos por vegetação, expressando a relação milenar dos Kanaks com a natureza.

Os edifícios abrigam instalações culturais como galerias para exposições, bibliotecas, auditórios, um anfiteatro e estúdios para atividades tradicionais, de música, dança, pintura e escultura.

As cabanas foram feitas com a madeira iroko, tradicional da região, combinadas com estrutura de aço e fechamentos em vidro. A arquitetura respeita as construções tradicionais e utiliza métodos sofisticados de engenharia. Este contraste é a expressão essencial do desafio do projeto: o de prestar homenagem a uma cultura com suas tradições, sem cair em uma paródia do mesmo.

Piano utilizou estratégias eficientes para manter os pavilhões frescos. Cada pavilhão possui uma parede curva, que consiste de um sistema de persianas móveis, uma parede de madeira laminada e uma parede adicional de bambu, que filtra a luz. As persianas móveis são operáveis e permitem que o vento entre e o ar quente escape.

Os pavilhões também possuem claraboias operáveis na cobertura e uma tela de madeira laminada que facilita a ventilação natural, permitindo que o vento, que é constante na região, empurre o ar quente de dentro do edifício, para fora, melhorando assim a ventilação natural e descartando a necessidade do uso de ar condicionado.

O centro também possui departamento administrativo e áreas de pesquisa, que ficam alojados em uma segunda série de cabanas.

Artigo original: Blog do Macêdo – Arquitetura e Sustentabilidade | Um clássico da arquitetura sustentável: Centro cultural em ilha do Pacífico, de Renzo Piano