Copenhagen – a cidade das bicicletas
A relação dos moradores de Copenhagen com as bicicletas mostra como podemos aprender com seu exemplo e aplicá-lo às cidades brasileiras.
Obviamente, temos desafios enormes pela frente, para adequar nossas vias e educar nossos motoristas. Mas é exatamente esse o principal obstáculo: A MUDANÇA DA CULTURA DO AUTOMÓVEL.
Antes de começarmos a criticar a idéia de fazer alguns dos nossos trajetos diários com esse fabuloso meio de transporte devemos nos questionar:
Eu respeito os ciclistas?
Tenho vergonha de usar minha bicicleta como meio de transporte e não apenas para o lazer?
Durante uma viagem didática com a faculdade de arquitetura de Paris, tivemos a oportunidade de passar uma semana nessa incrível cidade, e conhecer de perto sua realidade e a saudável relação entre automóveis e biciletas. Copenhagen atingiu um nível de respeito e consciência de vida em sociedade realmente louvável. Isso pôde ser constatado não somente ao transitarmos pedalando pela cidade, mas também, e principalmente, ao visitarmos seus conjuntos de habitação coletiva. Aquelas pessoas conseguem viver harmoniosamente em comunidade de uma maneira que impressionou mesmo aos franceses, um povo bem acostumado com esse tipo de habitação.
Mas voltando ao assunto das bicicletas, Copenhagen inaugurou o movimento mundial Cycle Chic – de gente que pedala arrumadinha. A ideia é: “esse é o meu meio de transporte, então vou utilizá-lo com minha roupa de trabalho mesmo”. Daí que mulheres com vestidos e saltos enormes e homens de terno e gravata pedalam em direção ao escritório todos os dias. Também pudemos perceber esse tipo de consciência ao nos depararmos com os ciclistas nas ruas.
E a prefeitura faz questão de garantir que continue sendo assim. Não só porque as pessoas ficam mais felizes pedalando, mas porque é economicamente melhor para a cidade. Um carro emite poluentes (o que causa danos de saúde pública), gera mais acidentes e precisa de uma manutenção mais cara na infraestrutura. As ciclovias, por outro lado, são mais baratas, atraem mais turistas, fazem com que as pessoas se exercitem e fiquem mais saudáveis diminuindo os gastos com saúde pública. A prefeitura colocou todas essas variáveis em uma equação e concluiu que, a cada quilômetro pedalado, a cidade GANHA o equivalente a R$ 0,40, enquanto que a cada quilômetro percorrido por um carro, a cidade PERDE R$ 0,20.
Guardemos as diferenças entre a realidade de vida na Dinamarca e no Brasil, Copenhagen com seus 1,2 milhão de habitantes e São Paulo com 12 milhões. Mas será que não conseguimos substituir alguns trechos dos nossos deslocamentos diários utilizando uma bicicleta? Conversar com os administradores de comércio e condomínios que frequentamos para ver a possibilidade de disponibilização de bicicletários já seria um bom começo.