Grandes estruturas podem cumprir duplo papel
Energia limpa a partir de pontes

Diz o senso comum que a pontes são a conexão entre dois pontos distantes e desconectados. Mas os designers e arquitetos começam a mudar este conceito. Elas podem se transformar, também, em usinas de geração de energia limpa.

As vantagens são muitas. A começar que são estruturas prontas que, com algumas mudanças, podem se transformar em usinas de geração sem grandes gastos adicionais. Por outro lado, elas permitem economizar grandes áreas que poderão ser destinadas a outras atividades, uma vez que em uma única estrutura pode-se combinar duas finalidades: ligar dois pontos e gerar energia.

Como em geral as grandes pontes estão, também, situadas a consideráveis distâncias do solo, ficam constantemente expostas a ventos fortes e constantes. Recebem, ademais, grandes quantidades de luz solar durante boa parte do ano. Assim, é possível integrar turbinas eólicas entre os pilares e incorporar painéis fotovoltaicos à sua superfície.

 

London Bridge: uma usina solar vertical para gerar energia

 

Alguns exercícios de designers e arquitetos permitem vislumbrar o que se poderia fazer nestas estruturas. Como a London Bridge que poderia ser uma planta solar vertical sobre o Tâmisa que, além disso, abrigaria residências. Mas o projeto de Cherry Chetwood vai mais longe, imaginando que o espaço poderia também produzir alimentos orgânicos para o consumo dos londrinos, além de incorporar ventilação natural e energia solar passiva.

 

Uma ponte solar para Seul

 

Ponte solar em Seul

Nem todos os projetos têm sido exercícios de futurologia. Em Seul, Coréia do Sul, há um projeto de ponte solar que ligaria dois importantes marcos locais: o edifício da Assembléia Nacional e a usina de energia Dang-Li. Além de fazer a ligação, a ponte seria capaz de gerar eletricidade a partir de inúmeros painéis fotovoltaicos. A Planning Korea seria a responsável pelo empreendimento.

Pelo projeto, a energia gerada pela ponte alimentaria várias instalações na cidade. Ela abrigaria, ainda, biblioteca, museu e um complexo de lojas especializadas em tecnologia da informação, todos alimentados pela energia gerada pela ponte. Sob a estrutura estão previstos docas para a ancoragem de barcos, táxis aquáticos e iates.

 

Ventilação cruzada gerando energia em Lisboa

 

Ventilação cruzada gerando energia

Planejada por uma equipe de arquitetos que inclui Tiago Barros, Jorge Pereira e Natalie Batile, entra outros, a ponte, situada em Lisboa, Portugal, seria construída inteiramente em aço reciclado a partir de resíduos da indústria automobilística. A idéia seria gerar energia a partir de uma rede composta de 2.188 painéis eólicos de baixa rotação.

A construção da ponte apóia-se num conceito de sistema de tesoura que aumenta a velocidade do vento que flui por sua estrutura. O vento ajudaria a girar os painéis que, por sua vez, gerariam a energia. Uma banda eletromagnética instalada em torno dos painéis rotativos iluminaria a ponte à noite com a ajuda de um sistema de energia por indução. A ponte contaria, ainda, com um túnel para pedestres e ciclistas.

 

Kurilpa Bridge é a maior ponte alimentada por energia solar do mundo

 

Em Brisbane, a maior ponte movida a energia solar do mundo

A Kulipa Bridge é a maior ponte para pedestres movida a energia solar do mundo. Construída sobre o rio Brisbane, tem 84 painéis solares e um complexo sistema de iluminação de LED . Medindo 43 metros de comprimento, demandou cerca de US $ 63 milhões na sua construção.
Os 84 painéis produzem cerca de 100 kWh de energia nos dias ensolarados. Anualmente ela produz cerca de 38 MWh, sendo que deste montante 75% é gasto com sua própria iluminação. Os restantes 25% são devolvidos à rede.

Problemas

Obviamente que todos estes projetos carregam seus problemas e dificuldades. A London Bridge, por exemplo, fica na dependência de tecnologias ainda não disponíveis para sair do papel. O projeto coreano, dadas as dimensões, pode ser inviável. A ponte de Lisboa, assim como a London Bridge, depende do desenvolvimento de inovações e métodos de design que ainda não estão disponíveis. E a ponte de Brisbane consome a maior parte da energia que gera em sua iluminação.
Mas, de qualquer forma, todos estes projetos apontam para soluções que podem estar muito próximas, possibilitando às grandes estruturas funcionarem como usinas de geração de energia, abandonando a imagem,a elas associada, de meros elefantes-brancos.

 

Fonte: http://www.engenhariaearquitetura.com.br/noticias/235/Pontes-para-a-energia-limpa-e-renovavel.aspx