– Quais as vantagens do teto ecológico?

Além dos aspectos construtivos sustentáveis, a aplicação das Coberturas Verdes Leves – CVL (denominação técnica para o que conhecemos como “teto ecológico”, “telhado verde” ou “teto jardim”), tem por objetivo contribuir com a eficiência energética dos edifícios, melhorando o conforto interno, diminuindo a temperatura através do resfriamento evaporativo e aumentando a umidade do ar em dias quentes de verão, o que representa significativa economia de energia com sistemas de refrigeração.

As plantas também retiram partículas em suspensão no ar, o que torna muito mais agradável o ambiente, como se pode verificar em parques e espaços arborizados. Outro benefício diz respeito à fotossíntese, uma vez que a retirada de gás carbônico do ar ajuda no combate ao aquecimento global. Segundo o engenheiro agrônomo Sérgio Rocha, diretor técnico do Instituto Cidade Jardim, fabricante de telhados verdes com sede em Itu, SP, para cada 10 mil metros quadrados desses elementos instalados é possível sequestrar cerca de 50 toneladas de carbono¹.

A eficiência energética e conforto ambiental, por sua vez, aspectos do Desenvolvimento Sustentável, igualmente contribuem para reduzir problemas de saúde (respiratórios) e para o aumento da produtividade, intelectual ou não, por meio da promoção de condições adequadas no trabalho (escolas, fábricas e escritórios, hospitais e postos de saúde), sobretudo, para edifícios que procurem reduzir os seus custos de operação.

Além disso, provê um hábitat para plantas, insetos e outros pequenos animais; assegura efeito visual e estético aos edifícios, bem como conforto ambiental e saúde aos habitantes.

 

¹Fontes:
-Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC-USP:
http://www.shs.eesc.usp.br/pessoal/docentes/pesquisas/14/tetoverde/materiais_metodos.html
-Ecocasa:
http://www.ecocasa.com.br/


– Essa idéia é aplicada desde quando?

A utilização de telhados verdes não é recente. Ao contrário, há registros de sua presença desde a antiga Mesopotâmia. Quem nunca ouviu falar dos jardins suspensos da Babilônia, criados no século VI a.C.? Considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo, eles tinham, antes de beleza paisagística ou contemplativa, o objetivo de atenuar as temperaturas elevadas dessas regiões. Ao longo do tempo, o uso desse sistema foi sendo aperfeiçoado e se propagou pelo mundo, constituindo elemento fundamental da arquitetura de países da Europa Central e da Escandinávia. Nos anos 1960, as pesquisas foram intensificadas na Alemanha e novas tecnologias introduzidas, tais como materiais drenantes, membranas impermeabilizantes, agentes inibidores de raízes, substratos de baixa densidade e espécies adequadas de plantas. Atualmente, a Alemanha tem cerca de 15% do total das construções com telhados verdes.

Exemplo da importância dos telhados verdes é o fato de em algumas regiões dos Estados Unidos ser obrigatória a execução de coberturas com alto índice de refletância. Em Nova York, a municipalidade oferece estímulos para as construtoras que implantarem telhados verdes em pelo menos 50% de suas obras e ainda prevê desconto no imposto predial desses imóveis.

 

 

– O teto ecológico tem aplicação em todos os tipos de imóveis?

Sim. O sistema pode ser aplicado tanto em coberturas planas (lajes), como em estruturas inclinadas, semelhantes às de uma cobertura convencional, desde que seja considerada a sobrecarga do sistema na estrutura, que é equivalente àquela de uma cobertura convencional (até 80kg/m²). Esta solução pode ser utilizada em residências, edifícios comerciais, públicos ou corporativos. Esta vem sendo, inclusive, a solução mais procurada para a cobertura de sedes empresariais em países desenvolvidos, com expressiva aplicação em edifícios públicos em Nova Iorque, Canadá e Alemanha, devido ao caráter do melhoramento da eficiência energética e grande apelo ecológico, bem como de promoção do bem estar às pessoas.

 

 

– O valor é maior?

Não necessariamente. Se considerarmos o valor dos módulos de plantas que serão acrescidos numa laje que seria deixada nua, sem nenhum tipo de tratamento, sim. Mas quando o sistema de CVL é utilizado para substituir uma cobertura convencional com telhas cerâmicas ou de concreto, o valor dos módulos é menor que do madeiramento e telhas, por exemplo.

O metro quadrado para a execução de uma cobertura com madeiramento e telhas de concreto ou cerâmicas, incluindo-se a mão-de-obra, varia entre R$160 e R$200. Já o sistema de cobertura leve comercializado pela Ecocasa custa entre R$60 (somente os módulos vazios) e R$150 (módulo completo com substrato e plantas já cultivadas) por metro quadrado.

 

 

– Ele pode diminuir os gastos com ar condicionado?

Certamente. A título informativo, sabe-se que o sol incidindo ao longo do dia sobre uma laje provoca um aumento crescente da temperatura, transferindo parte desse calor para o interior dos ambientes, que então devem ser resfriados de alguma forma, desde as mais naturais como uso de ventilação cruzada e ventiladores, até as mais dispendiosas, como é o caso do ar-condicionado.

Baseado em tabela de valores gerais de absorbância da Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003), estima-se que uma cobertura pintada de branco a absorbância seja de 20%, enquanto na cor preta esse índice alcança 97%. Já na cobertura verde, cerca de 27% da radiação solar incidente é refletida, 60% é absorvida pelas plantas e apenas 13% é transmitida à superfície inferior.

Esses dados ilustram bem a eficiência térmica das coberturas verdes.

 

 

– Quais os cuidados que devem ser adotados por quem faz a opção pelo teto ecológico para a manutenção?

Visto que o sistema utiliza plantas rústicas, resistentes ao vendo e à insolação direta e com baixa demanda por água (sendo praticamente auto-suficiente através dos reservatórios internos), a manutenção necessária se resume na inspeção e retirada de plantas invasoras a cada 6 meses e na adubação de reforço a cada 12 meses.

 

 

– Existe mais de um tipo de teto ecológico? Se sim, quais são os tipos?

Sim, o desenvolvimento das CVL’s trouxe uma grande variedade de sistemas e tipos de coberturas, mas todas seguem o mesmo princípio – são módulos que abrigarão o substrato para as plantas e uma quantidade de água, com espécies diferentes de vida vegetal, dependendo do orçamento, propósito da cobertura, região em que se encontra e objetivos finais do cliente.

Em geral, os diferentes tipos de sistemas variam entre a utilização de plantas forrageiras, suculentas ou gramíneas.