Green Buildings – Antes tarde do que nunca
Por Marcos Casado, GBC Brasil
A “onda” de prédios verdes green buildings chegou definitivamente no país. Conforme dados do Green Building Council Brasil, o número de empreendimentos registrados junto ao USGBC para obterem a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) cresce exponencialmente e o movimento da construção sustentável já faz parte da agenda mundial e felizmente não há mais como desprezar esse movimento. Ou as empresas do mercado se atualizam ou vão ficar obsoletas em um futuro próximo.
Hoje no país há cerca de 300 empreendimentos registrados em 19 estados brasileiros buscando a certificação de desempenho ambiental para seus empreendimentos, com uma previsão de ultrapassar 350 empreendimentos no final do ano. E até o fim do ano a meta mundial é que 950 milhões de m2 no mundo todo estejam em processo de certificação LEED em mais de 120 países.
Para receber a certificação, o empreendimento deve atender pré-requisitos e recomendações que avaliam o tipo de terreno, a localização, a infra-estrutura local, o uso racional de água, eficiência energética, qualidade do ar interno, reciclagem e diversas outras medidas que garantam eficiência operacional ao usuário e preservação do meio ambiente, antes, durante e após a obra. Todos estes critérios começam a impulsionar e a transformar o mercado da construção civil e têm se tornado uma importante ferramenta educacional e de comunicação com o consumidor, além de criar parâmetros de qualidade para o mercado.
O novo contexto global exige, cada vez mais, por parte das empresas, governantes e sociedade a capacidade de levar em consideração fatores sociais, ambientais e econômicos de uma forma equilibrada em suas tomadas de decisões.
Portanto, o desafio mundial para este século é conciliar o desenvolvimento tecnológico com a preservação dos recursos naturais, garantindo a aplicação de práticas sustentáveis por parte dos atores deste processo.
Consultores, grandes construtoras de imóveis, empreendedores e incorporadores tanto comerciais quanto residenciais, fornecedores de materiais, insumos e tecnologias, estão aos poucos, desenvolvendo expertise nessa área, em um movimento que ganhou força nos últimos cinco anos e que hoje já começa a criar uma nova demanda no mercado da construção civil no Brasil.
Conforme pesquisa realizada no ano passado com as 104 maiores construtoras do país que constroem cerca de 41% das obras no Brasil, mostrou que elas estão mudando, 32% delas incorporam em suas metas e políticas a construção sustentável e a destinam cerca de 14% dos seus recursos para capacitar seus profissionais a estes novos conceitos e 84% consideram a construção sustentável estratégica para a sua sobrevivência neste mercado em transformação.
A certificação, que com certeza tem um peso importante nesta transformação, mas por si só não será capaz de resolver todos os problemas, é muito importante o desenvolvimento de iniciativas educacionais para disseminar informações sobre as melhores práticas e tecnologias sustentáveis, a fim de capacitar os envolvidos na concepção, construção, operação e manutenção das edificações e espaços construídos. Toda essa nova visão começa a demandar a cada dia mais especialistas em áreas como, por exemplo, de comissionamento de sistemas de energia, profissionais especialistas em softwares de simulação energética e profissionais capacitados em consultoria para green buildings que no caso do LEED são os LEED AP´s (Profissionais Acreditados para prestar consultoria LEED), portanto é importante que os profissionais se especializem para atender estas novas exigências do mercado.
Um empreendimento sustentável pode reduzir em 30% o consumo de energia, 50% o consumo de água, 35% das emissões de CO2 e até 70% o descarte de resíduos. Se os clientes finais também mudarem sua postura e passarem a exigir das construtoras uma posição mais sustentável, certamente veremos um movimento muito maior do mercado nesta direção. O futuro da construção civil já tem um caminho traçado e a sustentabilidade não será apenas um modismo. As boas práticas do mercado devem ser disseminadas, assim como o maior número de informações possíveis sobre as soluções implantadas, experiências de sucesso e iniciativas em prol da sustentabilidade.
A construção sustentável veio para ficar, talvez um pouco tarde, mas com o engajamento de toda a sociedade, revendo nossas ações e atitudes, certamente alavancará a formação de uma nova cultura baseada na visão sistêmica preconizada pela sustentabilidade.
* Eng. Marcos Casado é Gerente Técnico do Green Building Council Brasil.
Artigo original: Blog do Macêdo – Arquitetura e Sustentabilidade | Green Buildings – Antes tarde do que nunca



